...EZOOGNÓSIA

 

Membros anteriores e posteriores

 

        Os membros sustentam, movem e impulsionam o corpo dos eqüinos. Possuem estruturas especializadas a amortecer as reações produzidas durante o deslocamento. Os membros anteriores, sustentam e amortecem aproximadamente 55% do peso total do cavalo, enquanto os posteriores 45%. Devido a esta característica os membros anteriores estão mais vulneráveis aos traumatismos. Para a melhor distribuição das forças de sustentação e deslocamento e maximizar o desempenho do cavalo é necessário que os membros apresentem aprumos corretos. As Regiões Zootécnicas dos membros são nominadas de acordo com a estrutura óssea (Osteologia) que as compõem e o conhecimento da localização destas regiões é fundamental para análise da conformação. Estas regiões são avaliadas de acordo com o tamanho, cobertura muscular, angulosidade e proporção entre as mesmas.

 

        Membros Anteriores

 

        Espádua ou Paleta: É a região do osso escápula, situada abaixo da cernelha e acima do braço. Deve ser avaliada de perfil, observando-se a cobertura muscular  e a inclinação (ângulo formado com a horizontal). Este ângulo em média é de 55 º, mas pode variar entre os indivíduos. Quando o ângulo apresentado for menor que  55 º é denominada oblíqua. Esta angulosidade permite ampla projeção dos membros anteriores, o que normalmente está relacionado a andamentos desenvolvidos com maior suavidade. Esta característica é importante para raças marchadoras, como o Mangalarga Marchador, Campolina e Campeiro. Se o ângulo for maior que 55º é denominada vertical e, consequentemente, não permitirá adequada projeção dos membros anteriores na torca dos apoios e o amortecimento do impacto com o solo será menor.

        Braço: Região relativa ao osso úmero, está situada entre a espádua e o codilho, deve apresentar-se com linhas angulares o que favorece a amplitude dos andamentos.

        Codilho: Região situada na porção posterior do braço acima do antebraço, relativo à extremidade da ulna. Deve ser dirigido para trás sem desvios no membro.

        Antebraço: Região do osso rádio e está entre o codilho e o joelho. Deve estar perpendicular ao solo e com tamanho proporcional ao membro, para não prejudicar os movimentos durante a movimentação. A face medial (interna) dos antebraços possuem uma saliência queratinizada denominada castanha.

        Joelho: É a região dos ossos cárpicos e está situada entre o antebraço e a canela. Deve apresentar boa área de sustentação e sem saliências ósseas.

        Canela: Região relativa ao III metacárpico e situa-se entre o joelho e o boleto. Deve ser perpendicular ao solo, sem desvios, sem saliências ósseas e de tamanho proporcional aos outros ossos do  membro.

        Boleto: Região situada entre a canela e a quartela. Na parte posterior apresenta uma formação córnea recoberta ou não por pêlos, denominada machinho. O boleto deve ser contínuo à canela sem saliências laterais ou anteriores.

        Quartela: É a região da falange proximal e média entre o boleto e a coroa do casco. Não deve apresentar desvios laterais. A quartela ideal é aquela que apresenta tamanho médio, proporcional ao membro e angulosidade paralela à paleta. Se a quartela for curta há maior possibilidade de que a angulosidade diminua e esta apresente-se mais vertical (ângulo maior que o da paleta com o solo). Esta angulosidade não permite correto amortecimento dos impactos do membro com o solo, o que diminui a comodidade dos andamentos e acarreta maior impacto nas articulações de membro. Se a quartela for longa há maior possibilidade de que a angulosidde aumente e esta apresente-se mais horizontal (ângulo menor que o da paleta com o solo). Esta angulosidade aumenta a tensão nos tendões flexores, os quais são responsáveis pro manter a inclinação da quartela.

        Casco: É o estojo córneo que recobre as extremidades dos membros com finalidade de sustentação e proteção da extremidade do membro. O casco deve ser contínuo à quartela, sem mudança no ângulo formado pelo conjunto. A forma ideal do casco deve assumir a proporção de 2:1 (pinça:talão) , quando avaliado de perfil e simétrico quando avaliado de frente. Proporções ou direções diferentes são sempre indesejadas, porque alteram os movimentos no deslocamento e no apoio, o que leva a desgaste irregular dos cascos. O casco que apresenta maior proporção é denominado achinelado e menor encastelado . Nos membros anteriores, a forma  dos cascos é mais arredondada do que nos membos posteriores.

O casco é constituído por várias estruturas com denominações e funções distintas. Estas estruturas devem ser avaliadas verificando-se a integridade e a funcionalidade das mesmas. Assim temos:

Coroa do casco (Perioplo): Situada na parte superior do estojo córneo, formando uma linha transversal ao membro. É a região de crescimento da muralha;

Muralha: É a porção queratinizada, mais resistente e visível do casco, quando este está apoiado no solo. Pode ser pigmentado de cor preta, sem pigamentação, branco ou parcialmente pigmentado, rajado. A pigmentação não interfere na resistência da muralha, apenas na capacidade de retenção de umidade. Os cascos despigmentados possuem maior capacidade de reter água na estrutura. A parte anterior da muralha é denominada pinça, a lateral intermediária quartos e a posterior talão. A muralha, em todo contorno, é o principal ponto de apoio dos cascos no solo.

A porção inferior do casco (face plantar) apresenta forma côncava e o contorno da muralha projeta-se para o centro do casco. Esta projeção denomina-se barras. As barras servem como fator de resistência à abertura do casco quando ocorre apoio no solo;

Sola: Ocupa a maior parte da face plantar do casco. Sua função é a proteção da falange distal. Naturalmente côncava, a sola não permanece em contato com o solo. Esta região deve estar intimamente aderida à muralha do casco. Esta união é denominada linha branca;

Ranilha: Em forma de cunha, localiza-se na metade posterior do casco, entre as barras. É de consistência mais macia e elástica do que a sola e a muralha.

O processo de abertura e fechamento do casco na região do talão, contido pelas barras, permite que a ranilha toque suavemente ao solo e auxilie no amortecimento do casco com o solo. Este mecanismo auxilia também o retorno do sangue da extremidade do membro à grande circulação, o que levou a ranilha a ser denominada "coração do casco."


        Membros Posteriores

 

        Nádega: Região situada abaixo da porção inferior da garupa estendendo-se até o jarrete. Pode apresentar-se musculosa com linhas arredondadas ou seca com linhas quase que perpendiculares ao solo.

        Coxa: Região relativa ao osso femur, situada entre a garupa, a nádega e a soldra (rótula ou patela). Deve ser longa e musculosa promovendo movimentos com maior amplitude nos membros posteriores.

        Soldra: É a região articular entre a coxa e a perna, onde encontra-se a rótula ou patela. Deve apresentar-se alinhada com o membro posterior. Não deve possuir desvios laterais para proporcionar movimentos adequados durante os andamentos.

        Perna: É a região dos ossos tíbia e fíbula, localizada entre a soldra e o jarrete. Deve apresentar-se longa, musculosa e alinhada com o membro posterior. Forma um ângulo aproximado de 60º com a horizontal.

        Jarrete: Região localizada entre a perna e a canela, representa os ossos tarsos e o calcâneo. Na face interna apresenta-se curvo e é denominada de curvilhão. Deve apresentar-se longo e bem alinhado com o membro. A face medial do jarrete possui uma saliência queratinizada denominada castanha.

        Canela: Região dos metatarsos, situada entre o jarrete e o boleto. Deve apresentar-se perpendicular ao solo, sem desvios, sem saliências ósseas e de tamanho proporcional ao membro.

        Boleto: Região situada entre a canela e a quartela. Na parte posterior apresenta uma formação córnea recoberta ou não por pêlos, sendo denominada machinho. O boleto deve ser contínuo à canela sem saliências laterais ou anteriores.

        Quartela: É a região da falange proximal e média entre o boleto e a coroa do casco. Deve apresentar-se sem desvios laterais e também devemos avaliar o seu tamanho e sua inclinação. A quartela ideal é a que possui tamanho médio, proporcional ao membro. A quartela curta não permite correto amortecimento dos impactos do membro com o solo diminuindo a comodidade do andamento, enquanto que a longa sobrecarrega os tendões flexores, que mantém a inclinação da quartela. Normalmente a inclinação da quartela dos membros posteriores é pouco mais acentuada que a inclinação da paleta.

        Casco: Os cascos dos membros posteriores diferem somente pela sua forma mais alongada, quando comparados aos cascos dos membros anteriores que são mais arredondados.

 

Tronco...      Cabeça e Pescoço...