Diretrizes para o planejamento alimentar e nutricional

Caracterizar a propriedade:

    Para o planejamento é necessário, inicialmente, conhecer o principal objetivo da propriedade. Há pelo menos três formas de utilização e de manejo dos animais na equinocultura. A primeira forma é denominada Haras, locais onde se faz a reprodução dos cavalos. Nestes ambientes a maioria das propriedades apresenta áreas de pastagens nativas ou introduzidas. Neste caso, a criação está relacionado ao manejo dos recursos disponíveis como solo, água e vegetais. A segunda forma são os Centros de Treinamento, onde as áreas de pastagens são inexistentes, toda alimentação é fornecida em cocheiras e há concentração de alimentos e resíduos. A terceira, são as duas situações em um único sistema, onde uma parte dos animais está livre no ambiente com objetivos reprodutivos e outra parte fechada em cocheiras. Em cada uma das formas o planejamento deve ser por meio da análise dos recursos disponíveis no ambiente ou da necessidade de adquirí-los.

 

Caracterizar o ambiente:

    Para o planejamento é necessário profundo conhecimento a respeito das características climáticas ao longo do ano, como a precipitação pluviométrica, a amplitude térmica, horas de luz (fotoperíodo) e a frequência de geadas. Estas condições são importantes para o crescimento do principal recurso alimentar e nutricional da criação de cavalos, as pastagens. Além das condições climáticas é extremamente importante o conhecimento da fertilidade do solo, para poder estimar, junto com as condições climáticas, o potencial de crescimento das pastagens ao longo do ano. Neste contexto, é necessário o conhecimento das características de desenvolvimento individuais das espécies presentes nas áreas de pastagens. Esta prática permite visulaizar a oferta mensal de pasto (OFERTA) que pode ser comparada com a exigência de consumo de alimento dos animais (DEMANDA). Também é possível estimar o consumo dos animais a pasto (CONSUMO), bem como estimar a ingestão de nutrientes na pastagem (NUTRIENTES).

 

Caracterizar o plantel e as necessidades alimentares:

    Para cada categoria animal (estado fisiológico) há uma exigência alimentar que é a necessidade alimentar diária, expressa em kg de M.S. (Matéria Seca) por dia. Esta exigência representa tudo o que o indivíduo consome no dia, exceto a água contida nos alimentos. Esta exigência alimentar é expressa em percentual e varia de 2 a 3% (2 a 3 kg de M.S. por 100 kg de massa corporal). De acordo com a especificação do plantel em número e peso dos animais esta exigência pode ser quantificada individualmente e por dia ou a total do plantel e por mês. Esta prática permite visualizar a demanda alimentar mensal que pode ser comparada com a produção de alimento no ambiente. O alimento consumido diariamente pode ser de dois grupos denominados alimentos volumosos (mais de 18% em fibras) ou concentrados (menos de 18% em fibras). Alimentos volumosos são as folhas e os caules de todos os vegetais e os suplementos concentrados são representados pelos grãos de cereais e/ou grãos de oleaginosas. O que devemos considerar é que toda dieta segura (menor risco de problemas digestivos) deve conter 50% de alimentos volumosos.

 

Caracterizar o estado fisiológico e necessidades nutricionais do plantel:

    As necessidades nutricionais estão associadas ao estado fisiológico do indivíduo e a massa corporal, assim, os indivíduos são agrupados em categorias animais representadas por animais adultos (reprodutores ou castrados ou fêmeas) em trabalho ou não (manutenção), reprodutores na estação de monta ou não, fêmeas não gestantes (vazias), fêmeas gestantes até o 5º mês, fêmeas gestantes do 5º mês até o parto, fêmeas paridas (em lactação), potro lactente (ao pé), potro desmamado (6 meses), potro de ano (12 meses), potro de sobreano (18 meses) e potros de 2 anos (24 meses). Baseado nesta organicação há tabelas de necessidades nutricionais disponíveis para consulta. As mais conhecidas são as do NRC, 2007 (National Research Council, 2007).

 

Caracterizar as específicidades do manejo:

    Em cada ambiente ou para cada indivíduo, há interferência do homem no comportamento natural dos cavalos, assim particularidades específicas devem ser avaliadas para caracterizar o consumo  (kg de M.S./dia) e a qualidade do alimento (nutrientes) ingerido. Deve-se  conhecer o comportamento alimentar natural e identificar quais as práticas de manejo que nterferem na alimentação diária. A principal variável a ser considerada é o tempo para a ingestão de alimentos volumosos, pois a velocidade de ingestão de volumosos é lenta e praticamente constante. Qualquer atividade que impeça este consumo, prejudicará a quantidade total diária consumida. A qualidade depende de vários fatores, mas pode-se afirmar que para cavalos em pastagens é totalmente dependente da quantidade de folhas verdes disponíveis, da diversidade de espécies vegetais presentes  na pastagem e do tempo disponível ao pastejo, para que o cavalo possa selecionar e coletar o alimento. Se as variáveis massa de folhas verdes, diversidade de espécies vegetais e tempo de pastejo sofrerem interferências do ambiente ou do manejo, os suplementos concentrados devem ser utilizados para suprir carências nutricionais  em energia, proteína, aminoácidos essenciais, conteúdos de cálcio, de fósforo, outros minerais e vitaminas. Devemos lembrar que toda dieta segura (menor risco de problemas digestivos) deve conter no mínimo 50% de alimentos volumosos.

 

Identificar a relação oferta/demanda e a relação consumo/nutrientes:

    A disponibilidade mensal de pasto possui uma estreita relação com as características climáticas ao longo do ano como a precipitação pluviométrica, a amplitude térmica e horas de luz (fotoperíodo). Estas condições são importantes para o crescimento do pasto, principal recurso alimentar e nutricional da criação de cavalos. Além das condições climáticas, é extremamente importante o conhecimento da fertilidade do solo, para poder estimar, junto com as condições climáticas, o potencial de crescimento das pastagens ao longo do ano. Neste contexto, é necessário o conhecimento das características de desenvolvimento individuais das espécies presentes nas áreas de pastagens. Esta prática permite identificar a disponibiliadade mensal de pasto ao longo do ano (OFERTA), a qual pode ser comparada com a exigência de consumo de alimento dos animais ao longo do ano (DEMANDA). Também é possível estimar o consumo diário (24 horas) dos animais a pasto (CONSUMO), bem como estimar a ingestão de nutrientes na pastagem (NUTRIENTES). Para isto, é necessário identificar os pontos limitantes de oferta das pastagens e de consumo dos animais.

    A OFERTA mensal de pasto ao longo do ano, pode ser quantificada por meio de técnicas de avaliação de forragens. A mais utilizada é a técnica da massa de forragem presente em área conhecida. Esta técnica consiste em quantificar a massa de folhas de forragens presentes em um quadrado de 0,5 x 0,5 m. Serão necessárias algumas amostras que representem toda a área de pasto, normalmente são utilizadas 15 amostras. Todas as folhas verdes dos vegetais deverão ser colhidas nestes 0,25 m2, serem secas e pesadas, nas 15 amostras. A média em gramas de Massa Seca (g M.S.) em 0,25 m2 deverá ser convertida em kg de M.S. na área total, normalmente kg de M.S. por hectare. Assim, a quantidade de alimento disponível está quantificada neste momento. Mas as forrageiras continuam crescendo e os animais consumindo, então esta técnica deve ser repetida semanalmente ou a cada 15 dias, todos os meses do ano. Haverá meses com sobra de alimento e meses com carência, dependendo das características produtivas do sistema e da demanda dos animais.

    A DEMANDA é relativamente mais fácil de ser calculada. Está relacionada com a massa corporal (kg) e com o estado fisiológico (categoria animal).  Para cada categoria animal (estado fisiológico) há uma exigência alimentar, a qual é a necessidade alimentar diária, expressa em kg de M.S. (Massa Seca) por dia. Esta exigência representa tudo o que o indivíduo deve consumir no dia, exceto a água contida nos alimentos. Esta exigência alimentar é expressa em percentual, e varia de 2 a 3% (2 a 3 kg de M.S. por 100 kg de massa corporal, por dia). Pode-se estimar que o consumo de éguas em lactação atinge 3% e que de outras categorias como potros em crescimento, éguas vazias, gestantes e cavalos machos é de 2% da massa corporal, diariamente. A soma da demanda de consumo de todos os animais pode ser estimada para todos os meses do ano.

    A relação entre a OFERTA e a DEMANDA é uma excelente ferramenta para planejar a alimentação anual do plantel. Esta relação pode ser observada em gráficos elaborados em planílhas eletrônicas, o que permitirá identificar os meses de maior carência de alimento no ambiente e permite quantificar a real necessidade de complementos alimentares como fenos e concentrados.

    O cálculo pontual da relação consumo/nutrientes, deve levar em consideração a interferência do homem no comportamento natural dos cavalos, assim particularidades específicas devem ser avaliadas para caracterizar o CONSUMO  (kg de M.S./dia) e a qualidade do alimento (NUTRIENTES) ingerido. Deve-se  conhecer o comportamento alimentar natural e identificar quais as práticas de manejo que interferem na alimentação diária. A principal variável a ser considerada é o TEMPO para a ingestão de alimentos volumosos, pois a velocidade de ingestão de volumosos é lenta e praticamente constante. Qualquer atividade que impeça este consumo, prejudicará a quantidade total diária consumida. A qualidade depende de vários fatores, mas pode-se afirmar que para cavalos em pastagens é totalmente dependente da quantidade de folhas verdes disponíveis, da diversidade de espécies vegetais presentes  na pastagem e do tempo disponível ao pastejo, para que o cavalo possa selecionar e coletar o alimento. Se as variáveis massa de folhas verdes, diversidade de espécies vegetais e tempo de pastejo sofrerem interferências do ambiente ou do manejo, os suplementos volumosos e concentrados devem ser utilizados para suprir carências alimentares e nutricionais em energia, proteína, aminoácidos essenciais, conteúdos de cálcio, de fósforo, outros minerais e vitaminas.

    Para que os animais consumam diariamente 2,0 a 3,0% da massa corporal é necessário que a massa de folhas disponível (OFERTA) seja no mínimo o dobro da demanda e que os animais estejam livres para consumi-las (pastar). Devemos lembrar que o simples fato de manter os animais em cocheiras no período noturno impede 40% do consumo diário a pasto.

   

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