Osteologia dos Equideos

Autoras: Letice Guedes e Keylah Ott Breus

 

 Cabeça    Coluna Vertebral    Membros torácicos    Membros pélvicos

 

    O conhecimento mínimo da nomenclatura dos principais ossos do cavalo é fundamental para o estudo do exterior, no que diz respeito à associação da anatomia com a nomenclatura zootécnia e compreensão da necessidade das direções ideais da cabeça, pescoço, tronco e membros.

    O osso (O.) é um tecido conjuntivo especializado, constituído de células e matriz extracelular. A matriz é mineralizada com fosfato de cálcio (cristais de hidroxiapatita), conferindo a ela uma textura rígida e servindo como um reservatório de cálcio.

    O esqueleto, em geral, apresenta função de sustentação do corpo juntamente com articulações, tendões e músculos. Também protegem órgãos importantes como o cérebro e o coração. O sistema ósseo é formado pelo esqueleto axial que compreende a cabeça, coluna vertebral, costelas e esterno, e pelo esqueleto apendicular que engloba os membros torácicos e os membros pélvicos.

 

 

Cabeça

 

     O aspecto da cabeça é determinado pela idade, sexo e raça dos animais. Os animais mais velhos possuem face mais alongada quando comparado aos jovens, do garanhão se comparado a da égua e do cavalo alto quando comparado a do pônei.

    A cabeça do equino é composta por 16 ossos e estes são classificados de acordo com a sua localização, sendo os ossos do neurocrânio (caixa do cérebro): Occipital, Esfenóide, Etmóide, Interparietal, Parietal, Frontal e Temporal; e ossos do viscerocrânio (face): Maxilar, Nasal, Lacrimal, Zigomático, Incisivo, Vômer, Palatino, Pterigóides e Mandíbula.

     Os ossos Pterigóides são muito delicados e delgados, por este motivo estão representados apenas por duas linhas vermelhas na imagem.

    Os ossos pares (como por exemplo os Ossos Frontais) são os que se localizam nos dois lados da cabeça (esquerdo e direito), assim nominados Nasais, Frontais, Lacrimais, Zigomáticos, Maxilares, Incisivos, Parietais, Mandíbulares, Palatinos, Pterigóides, Etmóides, Esfenóides e Temporais. Os ossos Vômer, Occipital e Interparietal são ossos impares (como por exemplo o Osso Occipital), pois apresentam apenas uma unidade na cabeça.

    A maior parte dos ossos da cabeça são classificados como ossos planos, compostos por duas lâminas paralelas de tecido ósseo compacto com osso esponjoso entre elas. Apresentam como função principal a proteção do encéfalo (constituído pelo cérebro, cerebelo e tronco encefálico), como o O. Frontal, O. Parietal e O. Occipital. A Mandíbula e o osso Temporal são classificados como ossos irregulares, pois seu comprimento, largura e altura não seguem os padrões citados.

    Os ossos da cabeça (com exceção a mandíbula) estão fixados uns aos outros por meio de suturas (um tipo de articulação fibrosa imóvel). A mandíbula está articulada ao osso temporal e somente ela se movimenta no processo de mastigação.

 

 

Coluna Vertebral, Costelas e Esterno

 

    A coluna vertebral inicia desde o crânio e vai até a ponta da cauda. É constituída por ossos denominados vértebras. A sequência a partir do crânio é a seguinte: Atlas, Áxis, vértebras cervicais, vértebras torácicas, vértebras lombares, vértebras sacrais e de vértebras caudais ou coccígeas. As funções da coluna vertebral são de proteção da medula espinhal, de movimentos de flexão, extensão e rotação, além de sustento do corpo e de vários órgãos como por exemplo estômago e intestino.

    As vértebras em geral possuem corpo, processo espinhoso, processos transversos, processos articulares, forames e um orifício interno que abriga a medula espinhal.

    A vértebra Atlas possui um formato retangular em equinos, e a Áxis é a vertebra mais longa do corpo do animal, juntas realizam o movimento de “cima, baixo” da cabeça dos animais.

    As sete vertebras cervicais presentes nos equinos possuem o processo espinhoso e os processos transversos de tamanho semelhantes, portanto, mais regular e “quadrada” que as demais vértebras, o que permite a função de rotação do pescoço.

    Apresentam 18 vértebras torácicas, e estas possuem o processo espinhoso muito mais longo que os processos transversais, articula-se com as costelas e auxilia na sustentação de órgãos como pulmão e coração.

    Possuem oito pares de costelas esternais (articuladas diretamente ao esterno), 10 pares aesternais (cartilagem das costelas se unem umas às outras para se articularem com o Esterno) e não possuem costelas flutuantes (não articuladas ao Esterno).

    As seis vértebras lombares possuem os processos transversais mais longos que o processo espinhoso, semelhante a um avião.

    As cinco vértebras sacrais são fusionadas, possuindo cinco processos espinhosos e apenas um par de processos transversais. Estão articuladas ao osso coxal e auxiliam na sustentação da cauda.

    Possuem de 15 à 21 vértebras caudais, estas são as menores do corpo e diminuem de tamanho a medida que chegam ao final da cauda. Possuem processos espinhoso e transversos pequenos, os quais desaparecem progressivamente até o final da cauda.

    As costelas são alongadas e curvadas, seu corpo é mais arredondado do que achatado. As extremidades são articuladas às vértebras torácicas e ao esterno. Possuem função de proteção de órgãos como coração e pulmão e auxiliam no processo de respiração, juntamente com o diafragma.

    O esterno é formado por três partes: cartilagem do manúbrio, corpo do esterno (esternébras) e cartilagem xifóide. Auxiliam na proteção e sustentação de órgãos. Articula-se lateralmente com as costelas do lado direito e esquerdo, formando a caixa torácica

 

 

Membros torácicos

 

    Os membros torácicos são formados pelos ossos: Escápula, Úmero, Rádio, Ulna, Carpos, Metacarpos, Falanges e Sesamóides.

    O Osso Escápula possui formato de uma raquete de tênis, sendo em sua maior parte um osso chato. Está diretamente ligada ao andamento, sendo responsável pelo estiramento dos membros torácicos (levar o braço para frente e para trás no processo de caminhada). Por isso o ângulo da Escapula é importante para avaliação morfológica de equinos, pois, a partir dele, podemos saber se o passo do animal é longo ou não, sendo importante para animais de corrida (quanto mais horizontal o ângulo, melhor, pois mais longo é o passo do animal, maior o estiramento do braço).

    Está posicionada sobre as costelas ligada por músculos e tendões, e é articulada ao O. Úmero.

    O O. Úmero equino possui como particularidade o tubérculo intermédio, na direção lateral. É um osso longo, está articulado ao O. Escapula e aos ossos Rádio e Ulna.

    Os ossos Rádio e Ulna são fusionados entre si, e a Ulna se estende por todo o corpo do Rádio (diferente de ruminantes onde a Ulna acaba no meio do corpo do Rádio). São ossos longos e fazem articulação com o Úmero e com os Carpos. Realizam o movimento de erguer e abaixar o braço. 

    Os ossos do Carpo são irregulares e pequenos. Estão dispostos em O. cárpico acessório (face lateral), O. cárpico ulnar (face lateral), O. cárpico intermediário, O. cárpico radial (face medial), O. cárpico II e O. cárpico III (que são fusionados) e O. cárpico IV (lateral). Esses ossos formam a região do joelho nos equinos. Estão articulados ao Rádio e Ulna, e aos Metacarpos.

    Os ossos do metacarpo são longos. Dispostos em O. metacárpico IV, O. metacárpico III (mais longo de todos os ossos metacárpicos, está entre os outros dois) e O. metacárpico II. Os ossos IV e II estão fusionados no III, e seu comprimento vai até o meio do corpo do metacarpo III. Estão articulados aos ossos do carpo, aos sesamóides e à falange proximal.

    Os O. Sesamóides são irregulares e quadrados. Os sesamóides proximais possuem função de proteção dos metacarpos na hora da andadura, caso o impacto seja muito grande e encostem no chão. E os sesamóides distais possuem função de proteção do casco no impacto da andadura.

    A articulação entre os ossos do metacarpo, sesamódes proximais e falange proximal formam a região anatômica denominada de boleto. Uma região que sofre muito com o exagero da atividade física, ficando com os ligamentos comprometidos, causando inchaço e muita dor aos animais.

    As falanges estão divididas em proximal, média e distal (envolta pelo casco). Sendo que a proximal esta articulada ao metacarpo e sesamóides, e a falange distal articulada ao sesamóide distal. As falanges que permaneceram na espécie equina foram apenas as III (terceiro dedo, as outras falanges involuíram ao longo da evolução). São considerados ossos longos.

        

 

Membros pélvicos

 

    Os membros pélvicos são formados pelos ossos: Coxal, Fêmur, Patela, Tíbia, Fíbula, Tarsos, Metatarsos, Falanges e Sesamóides.

    O Osso Coxal é formado pela fusão de três pares ossos: dois Ílios, dois Ísquios e dois Púbis, todos são considerados ossos planos. Os O. Ílios apresentam a face auricular onde se articula o O. Sacro. Entre os Ísquios e Ílios há o acetábulo, onde se articula os O. Fêmur.

    Os dois ossos Púbis estão fixados um ao outro por meio da Sínfise Pélvica, um tipo de articulação fibrosa móvel que pode dilatar com a ação do hormônio Ocitocina na hora do parto, deixando os ossos afastados para maior facilidade de passagem do potro. A Sínfise Pélvica em machos é mais fibrosa e imóvel.

    O osso Fêmur equino possui como particularidade o terceiro trocanter, na direção lateral. É um osso longo, está articulado ao O. Coxal, O. Patela e ao O. Tíbia. Realiza o movimento de frente e trás das pernas do animal.  

    A patela é um osso sesamóide de formato irregular, e possui função de proteção dos ligamentos da articulação do Fêmur.

    Os ossos Tíbia e Fíbula são fusionados entre si, a Fíbula possui formato de agulha e se estende até o meio do corpo da Tíbia. A tíbia é um osso longo e faz articulação com a Fíbula, Fêmur e com os ossos do tarso. Realizam o movimento de sobe e desce da perna.

    O Tarso é composto pelos ossos Tálus, Calcâneo, Central, 1º e 2º Tarsianos (que são fusionados), 3º Tarsiano e 4º Tarsiano. Juntos formam a região anatômica denominada de Jarrete. Participam do movimento de sobe e desce da perna. Todos possuem formato irregular, sendo o osso Calcâneo o maior dentre estes, o Tálus é o segundo maior e possui formato cuboide assim como os demais. O 1º e 2º tarsianos são fusionados.

    Os equinos apresentam os ossos 2º Metatarsiano, 3º Metatarsiano e 4º Metatarsiano. O maior de todos é o 3º, sendo que o 2º e 4º se alongam apenas até a metade do corpo deste. São denominados de ossos longos e irregulares. Estão articulados aos ossos do tarso, aos sesamóides e à falange proximal.